24 novembro, 2014

Operação Sócrates


“Operação Sócrates”: quem foi que disse que não há informação?
Publicado em Novembro 23, 2014 por estrelaserrano@gmail.com


“Aqui fora reina a desinformação”, diz a repórter da RTP destacada para o Tribunal Central de Instrução Criminal (TIC) onde José Sócrates é ouvido pelo juiz de instrução. Queixando-se de que não há informação sobre o que se passa ” lá dentro”, a repórter da RTP cita a sua colega espanhola, correspondente da TVE em Portugal, que se queixa do mesmo e lhe diz que em Espanha “há um gabinete de comunicação do tribunal que vai comunicando aos jornalistas os diferentes passos e as diferentes diligências que não estão cobertas pelo segredo de justiça”.

Pois, mas em Portugal as coisas são diferentes. Se a repórter espanhola viu o Jornal da Tarde da RTP em que foi citada, terá percebido porque é que em Portugal os tribunais não necessitam de gabinetes de comunicação. No mesmo bloco informativo, a jornalista Felícia Cabrita, do jornal SOL, surge a citar com toda a segurança partes do processo. Diz ela que Sócrates, no 1.º mandato, “favoreceu determinadas pessoas a troco de luvas e esse dinheiro foi guardado numa offshore na Suiça”.
Temos, pois, que informação é o que não falta. E a abundância é tal que até justifica este anúncio colocado no site do jornal da mesma jornalista Felícia Cabrita.


Aí se pode ler que o Sol é o “único jornal a possuir informação pormenorizada sobre as conclusões da investigação feita ao ex-primeiro-ministro durante um ano, as quais conduziram a este desfecho.”

Convenhamos que é muito mais barato para o Ministério Público ter “porta-vozes” num ou dois jornais do que criar um gabinete de comunicação para informar os jornalistas. Além de que os gabinetes de comunicação não dispõem de jornais nem vão às televisões dar notícias dos processos.

Acresce que não é para todos ter uma “assessora” tão mediática como Felícia Cabrita que, como diz o anúncio do site, “liderou” todos os processos relacionados com Sócrates.

Maior transparência não é possível. Tirando o caso do “estripador”, pode dizer-se que a jornalista Felícia Cabrita sabe tanto sobre as investigações que correm no Ministério Público como os procuradores e os agentes da PJ que os lideram. Felizmente para o erário público, não tem que pagar “luvas”. É só dar as notícias que estão em segredo. As “contrapartidas” são da ordem do simbólico, o que não é pouco.

Os tribunais espanhóis têm, pois, muito que aprender com o nosso TIC!

1 comentário:

Anónimo disse...

função do juiz de instrução criminal é verificar se a detenção de um arguido obedece aos requisitos que permitem a prisão preventiva. Se constatar que um desses requisito não se verifica, nomeadamente o perigo de fuga, deve ordenar a sua libertação imediata e proceder ao interrogatório do arguido em liberdade. O interrogatório destina-se a dar um espaço de defesa ao arguido e nada mais. Assistimos, sem protesto, à subversão do Código de Processo Penal.