A grande diferença entre Socrates e Cavaco tem a ver com as Vacas.
As Gordas, o dinheiro a jorros, aos milhões por dia da UE nos tempos aureos de Cavcaco
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As Magras, pouco dinheiro, a herança do déficit, o Estado gordo, anafado e gastador e a crise ( esta crise que toda a gente fala, mas que ainda ninguem explicou bem ao Zé Povinho a razão da sua existência e o porquê de ela ter chegado aqui ao nosso dia a dia), a necessidade de alterar a estrutura do Estado, etc, etc
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Nada disto Cavaco apanhou pela frente.
Por muita razão que Cavaco tenha para falar, não creio que se possa esquecer que tem muitos telhados de vidro.
O antigo spot publicitário do Montepio dizia e bem – eles falam, falam, mas não fazem nada.
Cavco vái ter que se limitar aos "vetos", pelos vistos um desporto que gosta muito, ou então quando não veta, acompanha a sua assinatura nas Leis, com umas recomendações paternalistas para os politicos e deputados, bem ao gosto, ainda, de alguma classe política do burgo.
"A rentrée de Cavaco na corrida eleitoral de Sócrates
A intervenção de Cavaco Silva a partir da Polónia, pronunciando-se sobre assuntos de governação que não lhe competem, são um sinal claro de que o Presidente da República não vai assistir da bancada à corrida que agora se inicia para uma catadupa de eleições que vai marcar os próximos 15 meses. A cooperação estratégica entre Belém e São Bento é um mito e agora já está desactivado.
Depois do dramatizado discurso sobre os Açores em directo em todas as televisões e da afronta a toda a esquerda com o veto à lei do divórcio, Cavaco Silva escolheu uma conferência de imprensa na Polónia para defender um reforço do orçamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros, precisamente na altura em que o ministro das Finanças está na mais árdua das suas tarefas, que é a de "negociar" com os seus colegas a distribuição de verbas do Orçamento do Estado, cuja proposta será apresentada dentro de pouco mais de um mês aos deputados. Mais: já fora noticiado que os Negócios Estrangeiros não terão reforços orçamentais, donde as palavras de Cavaco não são apenas uma expressão, mas uma pressão. Finalmente: o Presidente justificou essa necessidade de aumento de verbas com um investimento na diplomacia económica, pois, disse, sem aumento das exportações, o endividamento externo tornar-se-á insustentável. É o que Manuela Ferreira Leite vem dizendo.
O Presidente não fala de política interna quando está no estrangeiro, mas falou. O presidente não se imiscui nas matérias do Governo, mas imiscuiu-se. O Presidente não participa no combate político-partidário, mas participou. E o calendário não pode ser coincidência. Sê-lo-á o estado do PSD?
Este ano, eleições nos Açores; no próximo ano, europeias, autárquicas e legislativas – e não se sabe por que ordem. Como notava ontem, em texto de opinião, Marina Costa Lobo, é o Presidente da República quem marca as eleições legislativas e o Governo que agenda as autárquicas, e a sequência não é arbitrária para os resultados...
O PSD é, hoje, uma surpresa por revelar. Ou Manuela Ferreira Leite está a fazer "bluff" com o silêncio ou esse silêncio é a prova de que ela mesma é o "bluff". Porque, enquanto o PSD se vai dividindo entre uma oposição difusa ao PS e uma oposição confusa a si mesmo, resta a esquerda para onde olhar. O PP é uma inexistência. Cavaco é a Oposição, e não apenas de espírito: o PSD assumiu "um super cavaquismo sem Cavaco", diz José Adelino Maltez. Talvez o Presidente venha a ser mais do que o alter ego de Manuela Ferreira Leite.
Por estes dias, a conflitualidade política vai centrar-se nas questões da segurança interna, mas rapidamente chegará, com a apresentação do Orçamento do Estado, à economia. As previsões em toda a Europa para 2009 deterioram-se mês após mês, com mais inflação, menos crescimento e mais desemprego, o que desaconselha medidas populares, como a descida de impostos ou os aumentos salariais na função pública. A crise financeira internacional não é, de facto, a única culpada do desempenho económico em Portugal, mas estragou a programação do PS para a legislatura, consumindo parte do trabalho de formiga feito, com a vitória na redução do défice orçamental, que foi grande e foi rápido.
Não é apenas Jean-Claude Trichet quem pede aos governos que se contenham nos orçamentos que estão neste momento a preparar. São os números que revelam que 2009 será um ano económico mau. Gerir para ganhar eleições é sempre a pior das tentações, mas ei-la entre nós."
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