O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, alertou hoje que criar taxas turísticas, conforme anunciado pelo presidente da Câmara de Lisboa, é arriscar matar a actual "galinha dos ovos de ouro" do crescimento da economia, que é o sector do turismo. Portas, o irrevogável, o homem das fronteiras inultrapassáveis mas esbatidas, o Paulinho dos pensionistas e do partido dos contribuintes, é agora o Paulinho do turista. Falta-lhe o chapéu com crista para ser o galo da capoeira das galinhas dos ovos de ouro.
Tenho que confessar que já tinha saudades de ver Portas indignado com aumento de impostos. Se bem que, se formos a pensar, de cada vez que o líder do PP vem defender um grupo - seja dos pensionistas, da restauração, ou dos reformados - esses desgraçados acabam a pagar mais impostos. Não me admirava que viesse aí uma taxa para o pessoal com vistos Gold.
Paulo Portas, como nunca cá está e já se sente estrangeiro quando cá vem, vê esta taxa como mais um encargo. Não nos podemos esquecer que Portas, nestes três anos e pico de Governo, já deve ter gasto tanto em taxas de dormida como o que agora vamos receber. No fundo, isto é uma característica deste Governo, estar sempre mais preocupado com os alemães, e outros, do que connosco. Claro que o CDS salienta que "há portugueses que também vão ter de pagar a taxa de dormida". Acho que, neste caso, é optar por uma solução que agrada ao Governo: os portugueses pagam mas, se depois ultrapassarmos a barreira dos 1.000 milhões de turistas, eles devolvem.
O discurso do PP e do seu ministro da Economia faz muito pouco sentido. Pires de Lima, um soldado que nunca foi ouvido no seu exército, quer que o inimigo oiça as suas recomendações. Neste caso, até podemos dizer que não há grandes diferenças entre Costa e Coelho, porque ambos não ligam peva e fazem o contrário do que Pires de Lima diz. O ministro da Economia é tão criativo que consegue a proeza de não ser tido nem achado pelo actual e pelo futuro PM.
A verdade é que também estou a ver muita gente do PSD nervosa com isto da taxa de dormida. Deve ser porque ainda não perceberam que a taxa de dormida pode ser incluída nas despesas de representação. Aposto que se lhe chamássemos "TSU do turista", o Governo já alinhava. Mas é natural que a Maioria se escandalize com uma taxa de um euro, quando o aumento de oitenta cêntimos, por dia, no ordenado mínimo, é considerado um grande feito. Eles estão convencidos que um euro dá para um bife. Com ovo a cavalo no IVA. ( jornaldenegocios)
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