Ferreira Fernandes acerta no alvo – isto não é jornalisno
“”O destaque dizia: "Estava sozinho num estado deplorável" - [diz] testemunha." É verdade e é mentira, como se vê nas duas páginas abertas do jornal. José não estava sozinho, estava acompanhado por canalhas que se aproveitaram dele inconsciente para o filmar. O facto imoral - não se abusa de um homem inconsciente - estava demonstrado pela indignidade do jornal que espalhava seis fotos do desacordado José, retiradas do vídeo. Testemunha não era quem falou - testemunha, pessoa que atesta a verdade de um facto, foram todos os leitores com o jornal nas mãos. Testemunha não era, como diz o jornal, "um dos rapazes que partilhou com Zeca uma das últimas noites de excessos, antes do ator decidir internar-se numa clínica de desintoxicação". Esse rapaz é só um chantagista que foi vender as imagens ao jornal, hipótese um, ou um tolo que em nome do sacrossanto direito de todos sabermos tudo foi dá-las ao jornal, hipótese dois. Hipótese dois que o jornal sugere, ilibando o rapaz da venda porca, mas não o iliba a si próprio, jornal, de meter nojo. Deplorável, enfim, não é a palavra certa. Deplorar é respeitar a fraqueza, e não o fizeram com José. Não sei quem ele é, além do que o jornal apresentou: um ator de telenovelas que anda perdido e se internou numa clínica de desintoxicação. As páginas, e não foram só aquelas duas, que o jornal dedicou àquele homem, de quem não ignora a aflição e o grito de socorro, não se fazem. Não se fazem, ponto.”” ( DN )
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