“A ministra das Finanças possui uma preocupante relação com a verdade e com o respeito pela sua própria palavra. Depois de ter negado veementemente no Parlamento que os contribuintes, isto é, todos nós, não teriam de pagar a falência do BES, -“o financiamento do Estado é “transitório” e dele nunca sobrará qualquer factura para os contribuintes.“, disse no Parlamento, em Agosto deste ano – “veio agora admitir que os bancos participantes no Fundo de Resolução do BES podem vir a ter prejuízos com a operação, entre os quais a Caixa Geral de Depósitos, ou seja, no limite, os contribuintes”.
Como se não tivesse antes dito precisamente o contrário, ainda acrescentou com a maior naturalidade e descaramento que esse é o custo de Portugal “ter um banco público”. Só falta mesmo dizer que a culpa é da oposição porque este governo até queria privatizar a CGD.
Ainda como Secretária de Estado do Tesouro Maria Luís Albuquerque tinha revelado uma inesperada vocação para alterar os factos quando negou conhecer os contratos swaps assinados por empresas públicas, afirmando que o anterior governo não tinha dado informação sobre esses contratos. no que foi desmentida pelo próprio Vítor Gaspar que reconheceu ter recebido do seu antecessor essa informação.
Veio depois o Expresso traçar da ministra um retrato não muito edificante, apontando-lhe características que a revelam como uma pessoa oportunista, desleal e capaz de não olhar a meios para atingir os fins, retrato esse baseado em testemunhos que Maria Luís nunca desmentiu.
Mas tão preocupante como as meias verdades, as inverdades e as mentiras que se ouvem por vezes aos governantes é a naturalidade e mesmo a segurança com que Maria Luís Albuquerque afirma uma coisa que depois é desmentida pelos factos, sem se preocupar com o que disse antes, ostentando até um ar provocatório quando confrontada com as suas contradições.
É por demais evidente que Maria Luís Albuquerque tem “as costas quentes”, sabendo-se protegida pelo seu anterior aluno e agora chefe, Passos Coelho, e por isso nem se digna reconhecer que mentiu ou pelo menos que faltou á verdade e pedir desculpa como fizeram os seus colegas Paula Teixeira da Cruz e Nuno Crato. Ao menos isso.
Aliás, o primeiro-ministro é uma espécie de repetidor da sua ministra das Finanças: Ela disse na quarta-feira que os contribuintes podiam ser chamados a pagar o Fundo de Resolução do BES, através da CGD, e na sexta-feira Passos repetiu a “lição” da sua ex-professora perante os deputados.
Não diria que temos um governo de mentirosos mas lá que mostra (ver aqui, aqui , aqui, aqui, aqui) uma evidente vocação para trocar demasiadas vezes as voltas à verdade, lá isso mostra…” (VAI E VEM )
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