01 setembro, 2009

A Milú – sem comentários

“”Em relação à ministra da Educação a atitude mais fácil é o silêncio cobarde ou alinhar com as críticas ou mesmo com os ataques brejeiros de alguns dos nossos educadores. Há mesmo algumas personalidades do PS que quando querem aparecer nas primeiras páginas criticam a ministra, é receita certa. Jornais como o Público dedicaram muitos dos seus editoriais a elogiar a ministra até ao momento em que os patrões se decidiram por mudar de posição em relação ao poder, o próprio Cavaco Silva chegou a elogiar as reformas quando estava na moda elogiar a ministra. Agora que a ministra da Educação parece estar na mó de baixo são raras as vozes em sua defesa.

Devo dizer que não concordo com tudo o que foi feito, o concurso para professores titulares foi um desastre, o modelo de avaliação, tal coimo foi inicialmente proposto, era um pesadelo burocrático, a equipa de secretários de Estado é de competência questionável. Maria de Lurdes Rodrigues poderia ter feito como muitos dos seus antecessores, ia ao beija-mão da Fenprof e limitava-se a preparar os anos lectivos. O debate em torno dos problemas da educação limitar-se-ia às notícias sobre as escolas que começavam as aulas com atraso devido à colocação de professores.

Hoje já ninguém se recorda da peixeirada que era a colocação dos professores, discutimos a qualidade do ensino, o sucesso ou o insucesso escolar.

Poucos ministros teriam tido a coragem ou a teimosia de Maria de Lurdes Rodrigues, muitos dos nossos políticos de barba rija teriam feito xixi pelas calças abaixo, não teriam suportado a pressão a que foi sujeita a ministra, os tomates atirados por alunos “exemplares”, as piadas brejeiras de alguns professores, a pressão política manipulada pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. Poucos políticos teriam a paciência que Maria de Lurdes Rodrigues teve para negociar com Mário Nogueira, um sindicalista que foi para todas as rondas negociais com o objectivo de chegar a um confronto que pudesse favorecer o seu partido.

É bom lembrar que a guerra dos sindicatos à ministra começou muito antes do estatuto ou da avaliação, a ministra já era odiada pelos sindicalistas por causa das aulas de substituição que puseram fim a situações absurdas.

É verdade que sem professores que se sintam realizados a escola não terá sucesso, mas também é verdade que o facto de os professores estarem felizes não significa igualmente o sucesso da escola. Anos e anos de ministros cobardes, incapazes de enfrentar interesses instalados, que conquistaram a simpatia dos sindicatos à custa da qualidade das escolas e do erário público, levara as escolas públicas a padrões de qualidade incompatíveis com as exigências actuais do desenvolvimento económico. Não se recupera o atraso em relação à Europa enquanto nas nossas escolas se aprende muito menos do que nas escolas dos nossos parceiros.

Mal ou bem a ministra teve a coragem de tentar melhorar a escola pública e foram dados muitos passos nesse sentido, desde a generalização da utilização da Net à modernização das escolas, passando pela mudança das regras de gestão. Por mais simpática que tivesse sido teria tido sempre a oposição dos sindicatos, para estes a “Escola Pública” há muito que o deixou de ser para se transformar numa coutada privativa dos “mários nogueiras”. Não é por causa dos professores que os “mários nogueiras” odeiam a ministra, é por ter melhorado a Escola Pública sem o seu consentimento e contra a sua vontade, é porque provou ser possível gerir o sistema de ensino sem pedir autorização ao PCP.”” – In O Jumento

 

 

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