A forma como a mega fraude do BPN está sendo tratada pelos nossos políticos mostra bem como estão tão preocupados em apanhar os burlões como o estão quando falam de apanhar os corruptos. Nos Estados Unidos Madoff já está preso e debate-se a regulação bancária, por cá querem esquecer os verdadeiros burlões e ensaiam uma tentativa de “prender” Constâncio, pouco importa que uns senhores tenham provocado um buraco de mais de mil milhões, o importante é transformar o caso no segundo episódio do caso Freeport. A direita é esperta e o oportunismo político leva a esquerda a ser hipócrita, a direita evitar ver os seus presos, a esquerda ganha uns votos perdoando os larápios e juntando-se aos cavaquistas e afins na condenação do regulador.
A corrupção é um tema recorrente no debate político, em regra surge quando alguma procuradora mais ambiciosa ou algum político em fim de estação procura protagonismo ou em período pré-eleitoral. Só não está na ordem do dia porque Manuela Ferreira Leite tem telhados de vidro e depois de ter lucrado com a manobra Freeport não está nada interessada no tema. Não foi isso que sucedeu nas últimas eleições legislativas, já depois de a mesmas se terem realizado prometeu combater a corrupção e foi o que se viu, não só deu rédea livre à malandragem fiscal como se veio a saber que o seu partido ganhou as eleições com dinheiro da Somague.
A verdade é que durante a actual legislatura falou-se muito de combate à corrupção mas mesmo sabendo-se da fome de vingança de alguns procuradores não foi suscitado nenhum caso envolvendo este governo, tiveram que desenterrar o caso Freeport para tentarem desviar a atenção dos verdadeiros casos de corrupção e principalmente do BPN.
Nos últimos anos alguns casos foram notícia mas todos eles envolvem personalidades do PSD e, pior do que isso, envolve-os enquanto grupo organizado que usa uma imensa teia de cumplicidades. Aos casos de corrupção como o da Somague ou dos CTT, juntou-se a fraude do BPN que toda a gente quer abafar para que não se saiba para que mãos foram centenas de milhões de euros, quais foram as personalidades que beneficiaram de créditos fáceis, de comissões de negócios duvidosos ou, muito simplesmente, da compra e venda manhosa de acções não cotadas.
Depois de meses de debate do caso Freeport fez-se um estranho silêncio entre o tema, parecem fugir dele como o diabo da cruz, até o eng. Cravinho anda desaparecido.
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