18 agosto, 2014

Como 9 homens derrubaram o banqueiro que mandava em Portugal

                                                                                Reencaminho

 Como 9 homens

 derrubaram o banqueiro

 que mandava em Portugal

 

 TUDO MUITO BEM CONTADINHO. VALE A PENA LER APESAR DE LONGO.

Como 9 homens derrubaram o banqueiro que mandava em Portugal
 

Ricardo Salgado sai do BES no meio de várias investigações às contas do Grupo e depois de guerras sucessivas

Por Ana Taborda, Joana Carvalho Fernandes, Pedro Jorge Castro e Vítor Matos

A rotina de Ricardo Salgado não mudou muito. Continua a chegar ao banco por volta das 8h – depois de ler os jornais no percurso de carro entre Cascais e a Av. da Liberdade, em Lisboa –, a sair pelo menos 12 horas mais tarde e a dividir a sala com os restantes administradores do BES. Mas, desde que começou a preparar a sua saída da presidência, a agenda teve de sofrer alguns ajustes. Tem ido mais vezes a encontros no Banco de Portugal, passa horas fechado em reuniões (em salas discretas no último piso do BES) e cancelou alguns compromissos, sobretudo os que implicavam deslocações, como as comissões executivas itinerantes – reuniões com as direcções regionais, uma a cada duas semanas, em média. O banqueiro que liderou o BES durante 23 anos deixa a presidência no fim de Julho. Na segunda-feira, despediu-se dos colaboradores admitindo estar a viver "emoções fortes". A carta foi escrita em casa, no fim-de-semana, longe do open space que divide com a comissão executiva. Não sai porque quer, nem sozinho. E foram pelo menos nove os homens que contribuíram para a queda do Espírito Santo mais poderoso do País.

Carregue na foto seguinte para ler mais.

Como 9 homens derrubaram o banqueiro que mandava em Portugal
 

José Maria Ricciardi
Presidente do Banco Espírito Santo Investimento


O encontro foi marcado para a tarde de domingo, 8 de Junho, em Cascais. Nesse dia, António Ricciardi recebeu em casa, junto à Boca do Inferno, dois dos maiores accionistas do Grupo Espírito Santo (GES) – Manuel Fernando Espírito Santo e Pedro Mosqueira do Amaral juntaram-se ao comandante e ao filho, José Maria Ricciardi. Havia apenas um tema na agenda: apoiar Ricciardi a posicionar-se para a presidência do BES, em substituição de Ricardo Salgado – que nesse fim-de-semana estava na Suíça. Segundo disse o próprio Ricciardi em comunicado, foi "celebrado e subscrito" um "acordo" entre a maioria dos ramos familiares (cinco, no total) – de fora ficaram o ainda presidente do banco, Ricardo Salgado, e José Manuel Espírito Santo. "Fui convidado a assumir a liderança do sector financeiro do Grupo Espírito Santo", acrescentou Ricciardi na mesma nota.

Na quinta-feira dia 19, uma nova reunião viria a pôr este acordo em suspenso. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, convocou, um a um, todo o Conselho Superior do GES – habitualmente os contactos são feitos pelas secretárias. Na reunião, que durou cerca de hora e meia e decorreu na Rua do Comércio, sede do Banco de Portugal, o governador terá começado por agradecer os esforços feitos pelo BES no sentido de reforçar o capital do banco. Depois, veio o tema mais polémico: os membros da família deviam deixar a administração. Sem excepções. Ou seja, o nome de Ricciardi também não poderia chegar à presidência. Não era novidade – há vários meses que o Banco de Portugal defendia uma gestão independente para o BES – mas Ricciardi não terá gostado. "Perguntou porque é que não podia continuar na administração. E porque é que não podia ser CEO", diz fonte próxima – afinal, tinha sido autorizado a ficar na presidência do BESI. O ambiente era tenso e Carlos Costa terá feito saber ao presidente do banco de investimento dos Espírito Santo que não estava a gostar da forma como este o questionava. Pedro Duarte Neves, vice-governador do Banco de Portugal, também esteve no encontro.

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Nesse mesmo dia, logo depois da reunião com o Banco de Portugal, o Conselho Superior fechou-se até perto das 22h no número 195 da Av. da Liberdade. Foi no último piso da sede do BES que, no dia 19 de Junho, se validou o nome de Amílcar Morais Pires para CEO. Ricciardi não esteve presente na reunião, mas não aprovou o nome. Até porque, duas semanas antes, acreditava noutro plano: "Preparou uma lista para a administração do BES. Ele seria o presidente e Joaquim Goes [que faz parte da administração de Ricardo Salgado e chegou a ser apontado como provável sucessor] manter-se-ia na administração", diz outra fonte.

Apesar da guerra, os primos continuam a falar-se e a tratar de assuntos do Grupo. O que não significa que o clima de hostilidade tenha terminado. Ricciardi anunciou que vai dedicar-se apenas ao BESI e que pretende duas coisas: fazer um aumento de capital e separar o banco de investimento do BES. Do lado do BES, não é certo que tenha a vida facilitada: o banco é o único accionista do BESI e terá uma palavra a dizer. O que não quer o BES? Que o novo accionista, escolhido por Ricciardi, e a administração do BESI, também liderada por ele, fiquem com a maioria do capital.

A tensão entre os primos começou em Outubro, mês em que Ricardo Salgado fez duas visitas a Angola e em que Ricciardi começou a tratar da sucessão. "O Ricardo Salgado dizia que cada vez se sentia melhor e mais novo e ele não gostava", diz outra fonte. Quando soube das movimentações de Ricciardi, o presidente do BES quis reforçar a sua legitimidade na liderança do banco e pediu uma moção de confiança – votada e aprovada a 7 de Novembro, em reunião de Conselho Superior, marcada para as 15h. Do lado de Ricciardi apenas o pai, António, se pronunciou – a favor. No dia seguinte, José Maria tornava público o seu desacordo – recusou dar o voto de confiança a Salgado. O BES emitiu outro comunicado, em que falava de falta de "lealdade institucional". Quatro dias depois, Salgado e Ricciardi fizeram uma declaração conjunta. Ricciardi "reúne todas as condições para ser um dos membros possíveis à sucessão", dizia o presidente do BES. E o primo dava-lhe, afinal, o "voto de confiança". A paz não durou muito.

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Carlos Costa
Governador do Banco de Portugal


Na sexta-feira, dia 20, 24 horas depois da reunião do Conselho Superior, o BES avançou com uma nova proposta para a administração do banco – Morais Pires lideraria a Comissão Executiva, substituindo Ricardo Salgado. As críticas não tardaram: o administrador financeiro do Grupo, homem de confiança de Salgado, dificilmente estaria por fora das polémicas com as contas. Além disso, seria uma forma de o ainda presidente do BES, que na última semana foi três vezes ao Banco de Portugal (BdP), manter o poder. Talvez por isso, dizem fontes próximas do BdP, Carlos Costa tenha optado por se distanciar da solução.

Quatro horas depois de o BES anunciar a lista que vai ser votada em assembleia-geral, o BdP emitiu um comunicado. Informava "aguardar a decisão da Assembleia-Geral dos accionistas do Banco Espírito Santo [marcada para 31 de Julho] para avaliar o cumprimento por cada um dos indigitados dos requisitos necessários para o exercício de tais funções". Ou seja, não se pronunciaria sobre Morais Pires pelo menos até ao fim do próximo mês. Do lado de Salgado, só há elogios. O banqueiro enaltece o "currículo" de Morais Pires e fontes próximas da administração defendem a sua idoneidade. "O Banco de Portugal disse a alguns elementos da administração que deviam mudar de vida e não se pronunciou sobre Morais Pires. Se é idóneo para continuar na administração do BES, é idóneo para ser CEO."

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O novo modelo de gestão do BES está a ser negociado com o BdP desde Abril, mês em que o supervisor fez saber que queria uma gestão independente.

Em Setembro, depois de ter sido detectado um erro de 1,3 mil milhões de euros nas contas da Espírito Santo Internacional, uma das três holdings que controla o GES, o BdP pediu detalhes sobre a dívida do Grupo e encomendou uma auditoria à consultora KPMG. Em Fevereiro, chegaram os primeiros resultados e menos de um mês depois, uma das holdings do Grupo fez uma reserva de 700 milhões de euros – o BdP temia que não conseguisse cumprir as responsabilidades com clientes.

A auditoria pedida às contas da Espírito Santo International (ESI) não foi simpática e levou mesmo Ricardo Salgado a admitir que houve "incompetência". Foram apuradas "irregularidades nas suas contas" e concluiu-se: "A sociedade apresenta uma situação financeira grave". A ESI está em falência técnica. E Pedro Queiroz Pereira, com quem Salgado também esteve em guerra, já tinha levantado questões sobre as contas.

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Pedro Queiroz Pereira
Presidente da Portucel e da Semapa


Chegaram a ser 16. Durante a guerra com o presidente do BES, Pedro Queiroz Pereira (PQP) montou uma equipa para analisar documentos e relatórios das empresas do Grupo Espírito Santo. As primeiras informações terão chegado ao BdP ainda no Verão, mas houve mais. De acordo com o jornal 'Público', em Outubro de 2013, o Mercedes cinzento metalizado de PQP foi visto à porta do BdP. O gestor saiu acompanhado por um colaborador com várias pastas e seguiram para uma reunião com o vice-governador Pedro Duarte Neves. Salgado veio, mais tarde, a prestar esclarecimentos.

Nesta altura, a guerra entre dois dos homens mais poderosos do País já era pública. Agudizou-se a 28 de Maio de 2013, na assembleia-geral da Sodim, que controla 13,8% da Semapa – o Grupo Espírito Santo e Maude Queiroz Pereira, irmã de PQP, votaram contra as contas da empresa. Dois dias depois, PQP deu ordens para que todas as suas acções depositadas no BES fossem transferidas para o BCP. O assunto motivou mais uma queixa junto do BdP: Queiroz Pereira acusou o BES de dificultar a transferência.

Nessa altura, ainda havia participações cruzadas entre os dois Grupos: Queiroz Pereira tinha 7% da Espírito Santo Control e o GES, além de accionista do Grupo, representava a Mediterranean, uma sociedade luxemburguesa que há mais de 10 anos Queiroz Pereira tentava saber por quem era detida e que o GES anunciou, em 2012, ter comprado. Foi um dos principais factores que levaram PQP a acusar Ricardo Salgado de querer dominar a Semapa, uma versão que fontes próximas do banqueiro sempre negaram.

PQP terá ainda feito pedidos de informação no Luxemburgo – há três holdings do Grupo com sede no país a serem investigadas. O BdP e a CMVM têm colaborado na prestação de informação, mas não têm recebido mais. O conflito entre os dois resolveu-se com um pacto de silêncio, a retirada de processos em tribunal e o fim das participações cruzadas. Mas dificilmente vão voltar os tempos em que Manuel Queiroz Pereira, pai de PQP, dizia que Ricardo Espírito Santo (avô de Ricardo Salgado) era o seu "amigo de todos os dias".

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Francisco Machado da Cruz
Contabilista da Espírito Santo Financial International


Ainda é a voz de Francisco Machado da Cruz que responde às chamadas feitas para o seu gabinete no imponente Espírito Santo Plaza, em Miami, nos Estados Unidos. A gravação no atendedor automático repete o nome do commissaire aux comptes – o contabilista – que Ricardo Salgado responsabilizou pelas irregularidades na Espírito Santo International (ESI): 1,3 mil milhões de euros de passivo da holding escondidos. Mais um episódio decisivo para a pressão do BdP para afastar a família da gestão.

Neste capítulo da história recente do Grupo Espírito Santo há três versões. Uma: Salgado disse, em entrevista ao Jornal de Negócios, que Machado da Cruz "perdeu o pé" no meio da crise. Duas: o Expresso noticiou que Machado da Cruz disse, em documentos entregues ao BdP, que Salgado sabia que, desde 2008, "uma parte do passivo não estava reflectido nas contas" – só não conhecia "o seu valor concreto". Três: o contabilista disse depois, no comité de auditoria da ESFG, que os administradores (Salgado incluído) "não estavam em posição de monitorizar a actividade da ESI, incluindo a informação financeira", e assumiu a "total e única responsabilidade" pelos erros. Demitiu-se, mas não cortou relações com o grupo Espírito Santo – Machado da Cruz esteve em Lisboa na semana passada. Não respondeu ao email enviado pela SÁBADO.

O nome do contabilista aparece, há décadas, ligado aos negócios da família – ele é um velho conhecido de Salgado. Em 1975, quando foi fundada a Espírito Santo International, ele era director da holding. Machado da Cruz desempenhou cargos de administração em empresas como a Aveiro Incorporated, a Mayfield Properties, a Estoril Incorporated e a Espírito Santo Management Corp – todas com sede em Miami. Foi presidente desta última empresa, agora inactiva, desde Janeiro de 2002. Foi vogal do conselho fiscal do BESA a partir de 2006. No relatório e contas de 2012, o último disponível, ocupa o cargo de vogal. Ainda é identificado como presidente no site do Espírito Santo Plaza, mas três ex-colegas disseram à SÁBADO que Machado da Cruz já não trabalha ali.

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Rosário Teixeira
Procurador do DCIAP


Da sede do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) à sede do BES são 350 metros. Ao longo da última década, Rosário Teixeira já desceu várias vezes a pé a Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, para fazer buscas no banco liderado por Ricardo Salgado. Foi este magistrado do Ministério Público que colocou o banqueiro sob escuta, entre Setembro de 2011 e Janeiro de 2012, como revelou a SÁBADO após as primeiras buscas do caso Monte Branco. Então, o presidente do BES ainda era um dos homens mais influentes do País, mas não podia ter conversas telefónicas sem que fossem interceptadas pela equipa M da Inspecção Tributária de Braga, que estava a centralizar as investigações no terreno.

A suspeita que levou o magistrado a pedir ao juiz Carlos Alexandre que validasse o requerimento das escutas estava relacionada com os processos de privatização da EDP e da REN, em que detectou indícios de vários crimes, incluindo corrupção e abuso de informação privilegiada. Estava em causa a hipótese de os chineses da China Three Gorges terem retirado a proposta mais alta pela compra de parte da EDP, por alegadamente terem tido conhecimento dos preços propostos pela concorrência, levando à suposta perda de 117 milhões de euros por parte do Estado. Os chineses foram assessorados na operação pelo BESI, liderado por José Maria Ricciardi. Semanas depois, as escutas foram interrompidas por alegada falta de meios dos investigadores.

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Rosário Teixeira foi o magistrado do DCIAP responsável pela investigação da maioria dos escândalos judiciais que envolveram o BES. A começar pelo processo Portucale: no fim do governo liderado por Santana Lopes, em 2005, foi aprovado um empreendimento imobiliário promovido pelo Grupo Espírito Santo que previa o abate de sobreiros numa zona protegida.

Seguiu-se a operação Furacão, investigação que detectou um esquema de fraude fiscal em dezenas de empresas, e alegadamente promovido por entidades com relações privilegiadas com bancos, como o BES.

Desde essa altura, o banco tem um ex-inspector da Polícia Judiciária no seu departamento de compliance, para gerir o fornecimento das informações frequentemente solicitadas por Rosário Teixeira.

Embora seja discreto, o procurador é frequentemente apontado como o maior especialista português em investigação de criminalidade económico-financeira. "Trabalha 14 horas por dia. (...) Tenho pena de não o poder clonar", disse em 2012 Cândida Almeida, então directora do DCIAP.

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Nicolas Figueiredo
Ex-gestor de conta da Akoya


No processo Monte Branco, Rosário Teixeira investigou a Akoya, uma empresa de gestão de fortunas, dirigida por Michel Canals e de que era sócio Nicolas Figueiredo – este geria uma conta de Ricardo Salgado no banco suíço UBS, desde o ano 2000, e em 2007 transitou para a Akoya, mantendo o presidente do BES como cliente.

Nos interrogatórios a Nicolas Figueiredo, este confirmou que o banqueiro era o cliente 2.5 da sua lista. Ricardo Salgado acabou por regularizar cerca de 26 milhões de euros que tinha fora do País, aproveitando um regime excepcional e pagando o respectivo imposto.

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Também fez uma correcção à sua declaração de rendimentos de 2011, indicando ao fisco 8,5 milhões de euros adicionais, segundo o jornal 'i'. Recebera essa verba por alegadas consultorias ao construtor José Guilherme, que terá ajudado a fazer negócios em Angola. O valor poderá ter sido superior: Nicolas Figueiredo admitiu que Salgado teria recebido cerca de 14 milhões de euros de uma empresa de José Guilherme.

Depois destas regularizações, Ricardo Salgado pediu para ser ouvido por Rosário Teixeira, na operação Monte Branco. Em Janeiro de 2013, o procurador passou-lhe uma declaração onde atestava que não era suspeito no caso e que não havia indícios de crimes fiscais. Mas os escândalos continuaram.

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Álvaro Sobrinho
Ex-administrador do BESA


Já nem Ricardo Salgado tem forma de esconder o arrependimento por ter escolhido Álvaro Sobrinho para administrador do BES Angola. Várias transferências de dinheiro do gestor para Portugal suscitaram a desconfiança das autoridades – e do próprio banqueiro.

Primeiro foi constituído arguido por suspeita de branqueamento de capitais e associação criminosa numa investigação a uma fraude ao Banco Nacional de Angola, que terá ascendido a 110 milhões de euros. Depois, o Ministério Público recebeu uma denúncia da Comissão de Mercados Valores Mobiliários relacionada com a compra, por parte de Álvaro Sobrinho e da mulher, de seis apartamentos de luxo no Estoril Sol Residence, no valor de 9,5 milhões de euros. Além dos apartamentos, as autoridades arrestaram 9,1 milhões de euros que o gestor tinha em contas no BES e na Caixa Geral de Depósitos.

A venda de parte do BESA à Portmill, do general Kopelipa, terá desagradado a Álvaro Sobrinho, e contribuído para agravar mais as relações deste com Ricardo Salgado. O presidente do BES acusou publicamente Álvaro Sobrinho de o tentar atacar através de notícias no 'i' e no 'Sol', pertencente à Newshold (empresa que também é accionista da Cofina, detentora da SÁBADO).

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Em Janeiro do ano passado, depois de Álvaro Sobrinho ter sido afastado da presidência do BESA, a administração do BES decidiu contratar guarda-costas para proteger, em permanência, Ricardo Salgado, o seu braço-direito Amílcar Morais Pires e o presidente do BESA, Rui Guerra. Embora o grupo tenha uma empresa de segurança, a ESEGUR, contratou uma empresa israelita que contará com antigos agentes da Mossad.

Entretanto, há três semanas, o 'Expresso' noticiou que tinham desaparecido 5,7 mil milhões de dólares do BESA durante a gestão de Álvaro Sobrinho. A administração que lhe sucedeu suspeitava mesmo que 745 milhões tinham ido parar às suas mãos. Segundo o CEO do BESA, Rui Guerra, não há informação sobre quem são os beneficiários nem para que fins foi utilizado o dinheiro, que representa 80% do total de crédito concedido pelo banco, e que foi atribuído sem garantias.

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José Eduardo dos Santos
Presidente de Angola


Dia 30 de Abril: os jornais dizem que Angola tinha dado ao BESA uma garantia que abrangia créditos avaliados em 4.133 milhões de euros – 70,2% da carteira de financiamento do banco angolano controlado pelo BES. Esta rede de segurança era concedida pelo governo – lia-se no relatório e contas do Espírito Santo Financial Group – como parte do Plano de Desenvolvimento de Angola até 2017. Salgado não podia prever o que se seguiu. Dia 18 de Junho: Luanda era o último recurso para conseguir o empréstimo de 2,5 mil milhões de euros para a restruturação do GES. O presidente-executivo fez uma visita-relâmpago a Angola, noticiou o 'Expresso'. O banqueiro reuniu-se com altas figuras do regime angolano e com investidores –todos lhe disseram que não.

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Pedro Passos Coelho
Primeiro-ministro


O primeiro-ministro "não hesitou" em negar a pretensão de Ricardo Salgado em obter apoio político para um empréstimo da CGD e do BCP, no valor de €2,5 mil milhões, confirmou à SÁBADO fonte próxima de Passos Coelho. Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças. também recusou. Passos Coelho explicou a decisão no dia 24 de Junho:"O Grupo Espírito Santo terá com certeza, como outros grupos, os seus problemas para resolver, e o Estado não é chamado a resolver esses problemas". Na perspectiva de Passos, estas são questões que "respeitam a um grupo privado que tem os seus interesses legítimos e normais, mas que não cabem na alçada directa nem do Governo nem, neste caso, do supervisor [financeiro]".

Artigo publicado na revista SÁBADO n.º 530 de 26 de Junho de 2014

 

 

 

 

 

 

 

12 agosto, 2014

Carlos Costa outra vez !!!

Com Sócrates, o CM usa quase uma página inteira aqui... é assim

 Com títulos destes, mais dia menos dia, o Novo Banco cai mesmo.
 Interessa ao Carlos Costa, governador do BdP ?
 Fica a pergunta e fica a minha suspeita !!
 Os investidores já têem pouca confiança em Portugal e o Costa dá-lhes esta ajudinha . . . . . 

 Aqui vai a parte da capa do Correio da Manhã de hoje :





11 agosto, 2014

TAVIRA - Cascata em Tavira !!!

Pego do Inferno: cascata encerrada há dois anos continua a atrair turistas

 

 

Tavira

O Pego do Inferno continua a ser uma das principais atrações turísticas do concelho de Tavira, procurado por visitantes de várias nacionalidades, apesar de estar oficialmente encerrado ao público devido à destruição causada pelo grande incêndio de 2012.

Pego do Inferno

A cascata do Pego do Inferno, com uma queda de água que ronda os três metros, é a maior de um conjunto de três existentes na ribeira da Asseca, entre a serra e o mar, mantendo-se como um dos principais pontos de visita de Tavira durante o verão, com dezenas de pessoas, entre famílias e visitantes estrangeiros, que procuram diariamente refrescar-se nas águas da sua lagoa.

Difícil acesso

Contudo, é necessário deixar o carro afastado e 'serpentear' a pé pelas encostas e margens da ribeira através de trilhos, depois de os acessos e arranjos paisagísticos da zona terem ficado completamente destruídos no incêndio que há dois anos consumiu mais de 20 mil hectares da serra do Caldeirão, em Tavira e São Brás de Alportel.

Passagem proibida

Quem decide avançar até à cascata acaba, por isso, por desrespeitar o sinal de passagem proibida e encontrar alternativas na natureza, sem fiscalização.

Câmara quer recuperar espaço

O presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, disse à Lusa que a autarquia espera que o próximo quadro comunitário de apoio (2014-2010) possa apoiar a reconstrução dos acessos e a limpeza do local.

Pego do Inferno

Até lá, o espaço natural vai continuar a receber visitantes, principalmente nos meses de verão.

 

 

 

 

 

 

08 agosto, 2014

Eduardo Prado Coelho: Reflexão sobre os Portugueses

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos,

por isso, façam uma leitura atenta e tirem as vossas conclusões!...


Precisa-se de matéria prima para construir um País    -   por Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso, começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um País.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude, mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média

e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria-prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,  ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados,

ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas, quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento
como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?... MEDITE !

 

EDUARDO PRADO COELHO

 

 

 

 

 

 

 

 

07 agosto, 2014

NÃO AO "DESACORDORTOMÁTICO" (N + 1) > Desacordo Ortográfico > Como se mata o gosto pela Língua Portuguesa

 

 

 

O texto  abaixo tem inteira razão de ser.

A gramática que se estudava, da 1ª classe até ao 7º ano dos liceus, para me referir ao meu tempo de escola, era necessária e suficiente para se escrever bem qualquer coisa.

Quem estudava linguística, no Ensino Superior, tinha de contar com mais um léxico de “palavrões”, necessário, aliás, para se estar por dentro da problemática da língua e ter consciência científica relativamente ao que, no âmbito da gramática, se estudava e ensinava.

Ora, como a autora deste texto sustenta, as alterações que lhe foram introduzidas, para não dizer impostas, deram origem à desordem. O sentido compreensível do que há muito estava estabelecido desapareceu. A confusão instalou-se e não se vislumbram hipóteses de se sair dela. A norma perdeu a lógica.

O mais grave é o que está subjacente às mudanças infligidas…

 

Sérgio O. Sá

 

 

OlhOs _ Maria Irene Marques                                                                                    Maria Maio _ OlhOs

 

Como se mata o gosto pela Língua Portuguesa

 

Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete”: “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.

No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum, o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento, e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados; almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.

No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa. No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo visto, no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer, dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou: a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.

E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.

João Abelhudo, 8º ano, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática

 

Este texto é da autoria de Teolinda Gersão. 

Escritora, Professora Catedrática aposentada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. 

Escreveu-o depois de ajudar os netos a estudar Português. Colocou-o no Facebook

 

 

 

logo anti dengortográfico

 

 

 

 

 

 

 s ó   p a r a   c r i a n ç a s   a d u l t a s

Nova Matrícula para 2014 e Novos Cintos de Segurança

 

 

Nova Matrícula para 2014 e Novos Cintos de Segurança

A partir de Setembro de 2014 estas serão as

novas matrículas a circular nos carros dos Portugueses.




BES e os politicos.

 

05 agosto, 2014

Banco de Portugal - Banco Novo

Depois de toda esta bagunça, ninguem vai preso? Melhor, ninguêm está preso?

Será que Cavaco Silva, Passos Coelho, Carlos Costa, Maria Albuquerque, Poiares Maduro e tantos outros que quando falam, se por mentir lhes caisse um dentinho, hoje só poderiam comer açorda alentejana, nada lhes acontece?

Que despudor, que pouca vergonha!

Que mais se pode dizer?

 

 

04 agosto, 2014

Carcavelos - praia

Pormenores

 

 

Banco de Portugal

O que pensarão hoje, todos aqueles accionistas, os pequenos em especial, que se sentiram enganados pelo Banco de Portugal, quando publicamente informou que o BES estava bem e  se recomendava?  Carlos Costa, não será o primeiro responsável?

O BdPortugal é uma ilha neste país – tem estatuto próprio, tem... tem tudo o que aos outros falta – ordenados, pensões, mordomias, etc.

 

 

BdP falhou - enganou toda a gente

Aqueles que apontaram o dedo e as facas afiadas ao antigo supervisdor, hoje estão calados.

Mais não são que uns hipócrates dos muitos... muitos que vegetam à sombra do “poder”

“Tal como nos crimes de Oliveira e Costa & companhia, o Banco de Portugal não viu o roubo. No BES só colocou as trancas à porta depois do assalto. É inacreditável que só agora se saiba a dimensão da cratera financeira. Os pequenos acionistas que foram ao último aumento de capital do banco perderam dinheiro por omissão do supervisor. Esta nacionalização encapotada não é a melhor solução. E tem efeitos nefastos na pequena Bolsa portuguesa, cada vez mais uma micro bolsa.” (CM)

01 agosto, 2014

Socrates - a justiça não perdoa?

“É fácil perceber a estratégia: A Sábado teve um “sopro” ao ouvido vindo do sítio do costume. A fonte é segura e sabe que a Cofina (dona da Sábado e do Correio da Manhã) merece todas a cachas sobre Sócrates. Mas também não interessa se a notícia é ou não verdadeira porque se não é podia ser, ponto final.

A estratégia costuma dar resultado: a “notícia” sai na 5.ª feira pelo que era necessário antecipar alguma coisa para que Sócrates desmentisse e a fonte preparasse  “provas” para manter a “notícia”. Entretanto, a suspeita vai fazendo caminho e é o que interessa… Resta esperar que a Sábado esclareça o assunto e tenha bons factos para sustentar a “notícia”.

Sócrates atreveu-se a criticar no passado domingo, na RTP1 o comportamento da Justiça, sobretudo no que diz respeito à detenção de Ricardo Salgado, sugerindo que esta esclarecesse as razões que levaram a tal ato: Disse Sócrates: “Acho que a Justiça ganhava em explicar-nos a todos porque deteve Salgado”, disse Sócrates, acrescentando que as razões para a detenção que vieram nos jornais são “pueris”.”   No “ Vai e Vem”

 

 

 

Socrates - Salgado - mas que diferença de tratamento

 

O CM continua na sua saga de perseguição a José Sócrates, aproveitando a ocasião em que Sócrates está de “férias” no programa da RTP1 para o voltar a atacar.

Durante anos, tem lançado suspeitas atrás de suspeitas, sem quaqluer resultado – o jornalismo de investigação regressou novamente, doentiamente com a perseguição a José Socrates.

Salgado, não conta.

Os enormes títulos que o CM pubica nas suas primeiras páginas contra Socrates escondem os pequenissimos títulos de outros assuntos que de momento são de maior impacto na vida económica e política nacional.

Socrates e Salgado, mas que diferença de tratamento.

 

31 julho, 2014

Socrates e a Revista S bado

Então não é que a Sabado pertence à mesma organização do Correio da Manhã!

 

 

Sócrates

Quando alguns destes poderosos do País são “apanhados”, logo surgem os seus assalariados a lançarem cortinas de fumo para esconderem os verdadeiros coveiros do país.

O jornalismo de investigação só existiu enquanto Sócrates foi Primeiro Ministro.

Agora não há investigação que valha um velho vintém

Que nomes devemos chamar a estes jornalistas e directores de jornais que publicam, impunemente este tipo de notícias?

 

 

30 julho, 2014

Governo de Férias no Algarve!.... Na Manta Rota!

... e olha como já estão queimadinhos... deve ter sido nos fins de semana, porque as férias ainda não começaram... 

Biscates - Texto 5 Estrelas!

 

 

Por Carlos de Matos Gomes

Para que servem as primeiras páginas dos jornais e os grandes casos dos noticiários das TV?

Se pensarmos no que as primeiras páginas e as aberturas dos telejornais nos disseram enquanto decorriam as traficâncias que iriam dar origem aos casos do BPN, do BPP, dos submarinos, das PPP, dos SWAPS, da dívida, e agora do Espírito Santo, é fácil concluir que servem para nos tourear.

Desde 2008 que as primeiras páginas dos Correios das Manhas, os telejornais das Moura Guedes, os comentários dos Medinas Carreiras, dos Gomes Ferreiras, dos Camilos Lourenços, dos assessores do Presidente da República, dos assessores e boys dos gabinetes dos ministros, dos jornalistas de investigação nos andam a falar de tudo e mais alguma coisa, excepto das grandes vigarices, aquelas que, de facto, colocam em causa o governo das nossas vidas, da nossa sociedade, os nossos empregos, os nossos salários, as nossas pensões, o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos. Que me lembre falaram do caso Freeport, do caso do exame de inglês de Sócrates, da casa da mãe do Sócrates, do tio do Sócrates, do primo do Sócrates que foi treinar artes marciais para a China, enfim que o Sócrates se estava a abotoar com umas massas que davam para passar um ano em Paris, mas nem uma página sobre os Espirito Santo! É claro que é importante saber se um primeiro ministro é merecedor de confiança, mas também é, julgo, importante saber se os Donos Disto Tudo o são. E, quanto a estes, nem uma palavra. O máximo que sei é que alguns passam férias na Comporta a brincar aos pobrezinhos. Eu, que sei tudo do Freeport, não sei nada da Rioforte! E esta minha informação, num caso, e falta dela, noutro, não pode ser fruto do acaso. Os directores de informação são responsáveis pela decisão de saber uma e desconhecer outra.

Os jornais, os jornalistas, andaram a tourear o público que compra jornais e que vê telejornais.

Em vez de directores de informação e jornalistas, temos novilheiros, bandarilheiros, apoderados, moços de estoques, em vez de notícias temos chicuelinas.

Não tenho nenhuma confiança no espírito de autocrítica dos jornalistas que dirigem e condicionam o meu acesso à informação: todos eles aparecerão com uma cara à José Alberto de Carvalho, à Rodrigues dos Santos, à Guedes de Carvalho, à Judite de Sousa (entre tantos outros) a dar as mesmas notícias sobre os gravíssimos casos da sucata, dos apelos ao consenso do venerando chefe de Estado, do desempenho das exportações, dos engarrafamentos do IC 19, das notas a matemática, do roubo das máquinas multibanco, da vinda de um rebenta canelas uzebeque para o ataque do Paiolense de Cima, dos enjoos de uma apresentadeira de TV, das tiradas filosóficas da Teresa Guilherme. Todos continuarão a acenar-me com um pano diante dos olhos para eu não ver o que se passa onde se decide tudo o que me diz respeito.

Tenho a máxima confiança no profissionalismo dos directores de informação, que eles continuarão a fazer o que melhor sabem: tourear-nos. Abanar-nos diante dos olhos uma falsa ameaça para nos fazerem investir contra ela enquanto alguém nos espeta umas farpas no cachaço e os empresários arrecadam o dinheiro do respeitável público.

Não temos comunicação social: temos quadrilhas de toureiros, uns a pé, outros a cavalo.

Uma primeira página de um jornal é, hoje em dia e após o silêncio sobre os Espírito Santo, um passe de peito.

Uma segunda página será uma sorte de bandarilhas.

Um editor é um embolador, um tipo que enfia umas peúgas de couro nos cornos do touro para a marrada não doer.

Um director de informação é um "inteligente" que dirige uma corrida.

Quando uma estação de televisão convida um Camilo Lourenço, um Proença de Carvalho, um Gomes Ferreira, um João Duque, um Gomes Ferreira, um Júdice, um Marcelo, um Miguel Sousa Tavares, um Ângelo Correia, devia anunciá-los como um grupo de forcados: Os Amadores do Espírito Santo, por exemplo. Eles pegam-nos sempre e imobilizam-nos. Caem-nos literalmente em cima.

As primeiras páginas do Correio da Manhã podiam começar por uma introdução diária: Para não falarmos de toiros mansos, os nossos queridos espectadores, nem de toureios manhosos, os nossos queridos comentadores, temos as habituais notícias de José Sócrates, do memorando da troika, da imperiosa necessidade de pagar as nossas dividas.

Todos os programas de comentário político nas TV deviam começar com a música de um passo doble. Ou com a premonitória "Tourada" do Ary dos Santos, cantada pelo Fernando Tordo.

O silêncio que os "negócios " da família dona disto tudo mereceu da comunicação social, tão exigente noutros casos, é um atestado de cumplicidade: uns os jornalistas venderam-se, outros queriam ser como os Espírito Santo. Em qualquer caso, as redacções dos jornais e das TV estão cheias de Espíritos Santos. Em termos tauromáquicos, na melhor das hipóteses não temos jornalistas, mas moços de estoques. Na pior, temos as redacções cheias de vacas a que se chamam na gíria as "chocas".

O que o silêncio cúmplice, deliberadamente cúmplice, feito sobre o caso Espirito Santo, o que a técnica do desvio de atenções, já usada por Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, revelam é que temos uma comunicação social avacalhada, que não merece nenhuma confiança.

Quando um jornal, uma TV deu uma notícia na primeira página sobre Sócrates (e falo dele porque a comunicação social montou sobre ele um operação de barragem pelo fogo, que na altura justificou com o direito a sabermos o que se passava com quem nos governava e se esqueceu de nos informar sobre quem se governava) ficamos agora a saber que esteve a fazer como o toureiro, a abanar-nos um trapo diante dos olhos para nos enganar com ele e a esconder as suas verdadeiras intenções: dar-nos uma estocada fatal!

Porque será que comentadores e seus patrões, tão lestos a opinar sobre pensões de reforma, TSU, competitividade, despedimentos, aumentos de impostos, gente tão distinta como Miguel Júdice, Proença de Carvalho, Ângelo Correia, Soares dos Santos, Ulrich, Maria João Avilez e esposo Vanzeller, não aparecem agora a dar a cara pelos amigos Espírito Santo?

Porque será que os jornais e as televisões não os chamam, agora que acabou o campeonato da bola?

Um grande Olé aos que estão agachados nas trincheiras, atrás dos burladeros!

 

Retirado de: http://aviagemdosargonautas.net/2014/07/15/biscates-cronica-tauromatica-por-carlos-de-matos-gomes/