Eles não perdem o vício.
Que se tirem as devidas conclusões.
"Manuel Martins dos Santos, antigo árbitro de futebol, foi detido nesta quarta-feira pela Polícia Judiciária do Porto, depois de ter sido apanhado em flagrante a receber dinheiro do presidente da Associação Desportiva de São Pedro da Cova, clube que joga na I Divisão de Honra, do campeonato distrital.
Martins dos Santos terá abordado o dirigente, pedindo-lhe cinco mil euros para evitar que o seu clube descesse de divisão. O presidente do São Pedro da Cova aceitou pagar-lhe 1100 euros, mas toda a operação foi acompanhada pela PJ, que marcou o dinheiro recebido pelo ex-árbitro e o deteve.
"A Polícia Judiciária, através da Directoria do Norte, identificou e deteve, na zona de Gondomar, ao fim da tarde de ontem [terça-feira], um antigo árbitro por presumivelmente ter recebido quantia em dinheiro para mover influências, no meio da arbitragem, no sentido de evitar a descida de divisão de um clube de futebol", anunciou a PJ, sem identificar o detido.
O PÚBLICO sabe que a operação da polícia foi montada após recebida uma denúncia e que o caso só agora deverá ser investigado de forma mais aprofundada, para perceber todos os contornos da actividade de Martins dos Santos, que dizia ter influência sobre árbitros que apitavam jogos do campeonato distrital.
O antigo árbitro, de 52 anos, actualmente técnico de telecomunicações, foi ouvido hoje de manhã pelo Ministério Público no Tribunal de Gondomar e vai aguardar julgamento sujeito à medida de coacção mínima, o Termo de Identidade e Residência.
Martins dos Santos está indiciado pelo crime de tráfico de influência no âmbito da actividade desportiva, um crime introduzido pela nova lei contra a corrupção no desporto, em 2007, e punido com uma pena de prisão até três anos.
O ex-árbitro foi um dos arguidos no caso Apito Dourado. Foi acusado de corrupção desportiva passiva pela sua intervenção no jogo Marítimo-Nacional, da época 2003/04, e condenado a 20 meses de prisão, com pena suspensa. Esta condenação foi depois anulada pelo Tribunal da Relação do Porto, que ordenou a repetição do julgamento" (Publico)