27 maio, 2010

Caxias

Forte - Curva dos Pinheiros

Opinião

"O Público, cuja prudência na afirmação é correlativa à recusa da metáfora, colocou na primeira página de 23 de Maio, entalada entre Mourinho e a conclusão da série de televisão Perdidos, uma acusação terrível: "As causas que amarram a economia ao marasmo. Um problema que começou com Cavaco e com Guterres." O distinto periódico não só se distraiu no cacófato como acordou um pouco tarde para uma evidência conhecida há duas décadas.
O dr. Cavaco encheu o País de betão inútil. Recebeu oceanos de dinheiro para resolver dificuldades essenciais (repito: essenciais) e deu um tratamento uniforme aos problemas relativos ao desenvolvimento. Confundiu tudo. É um dos maiores embustes políticos de que há memória. O eng.º Guterres fez o percurso de interpretação clássica: o mal está na educação. Era a sua paixão ardorosa e a apoquentação da sua alma repleta de piedosas referências. O Cavaleiro de Oliveira escreveu que vivíamos numa "fermosa estrivaria." Guterres, num "pântano". Fugiu e escancarou as portas à direita mais abstrusa.
Se o nosso presente está ameaçado pela própria contingência da realidade que o envolve, deve-se a estes senhores, e a muitos mais outros, a perda da unidade de sentido que faz funcionar um país, uma nação. Tudo o que foi ministro da Economia e das Finanças tem passado pelas televisões apresentando respostas para a crise que não previram, ou que anteviram e não avisaram, ou que fomentaram por negligência e inépcia. Agora, são todos sábios e enunciam algo de semelhante ao fim da pátria tal como a conhecemos, e ao ocaso da democracia por ausência de cidadania. Enfim, dizem, a nossa tendência é a da servidão.
Fomos os "alunos exemplares" de Bruxelas: aceitámos a destruição do nosso tecido produtivo com a submissão de quem não foi habituado a expor questões e a enumerar perguntas. Pescas, agricultura, tecelagem, metalurgia, pequenas e médias empresas desapareceram na voragem, em nome da "incorporação" europeia. A lista de cúmplices desta barbaridade é enorme. Andam todos por aí. Guterres trata dos famintos do Terceiro Mundo; Barroso, dos "egocratas" de barriga cheia; os economistas que nos afundaram tratam da vidinha, com desenvolta disposição. Nenhum é responsável do crime; e passam ao lado da insatisfação e da decepção permanentes, como cães por vinha vindimada.
Impuseram-nos modos de viver, crenças (a mais sinistra das quais: a da magnitude do "mercado"), um outro estilo de existência, e o conceito da irredutibilidade do "sistema." Tratam-nos como dados estatísticos, porque o carácter relacional do poder estabelece-se entre quem domina e quem é dominado - ou quem não se importa de o ser. " (Baptista Bastos)

26 maio, 2010

TVI - Comissão de Inquérito morreu hoje

Com uma morte lenta anunciada, tocaram hoej a rebate os sinos da comissão parlamentar de inquérito ao caso TVI.
Na certidão de óbito, que será passado pelo médico que tem assistido desde o seu início à doente, João Semedo, deve constar que desde a sua nascença a comissão veio induzida com uma doença benigna cujas causa embora conhecida não conseguiu sobreviver com as diversas doses de medicamentos que lhe foram receitados.


"Todos os partidos abdicaram hoje de fazer uma segunda ronda de perguntas ao primeiro ministro, e preferem partir já para a fase final dos trabalhos da comissão de inquérito, cujo relatório será entregue dia 11 de junho. " ( Diario Digital)

O SOl, Saraiva, Felícia Cabrita e Ana paula Azevedo

Depois de tanta celeuma, ficou claro que os ditos jornais e jornalistas não podem fazer o que querem e quando querem.
Não haverá por agora tanta publicidade à decisão do Tribunal como quando da publicação das escutas, mas essa situação tambem já é um hábito.
O jornal e as jornalistas devem estar em boas condições económicas para proceder à liquidação das verbas com que foram condenados - 20.000 € para Saraiva e mais 10.000 € para cada uma das jornalistas.

"Tribunal proíbe Sol de publicar conversas de Rui Pedro Soares

O Tribunal Cível de Lisboa decidiu hoje manter a proibição de o jornal Sol publicar conversas em que o ex-administrador da PT Rui Pedro Soares tenha participado, apesar de o semanário já ter editado várias notícias sobre o caso desde fevereiro.
A decisão obriga ainda o diretor do Sol, José António Saraiva, a pagar uma indemnização de 10 mil euros pela violação das providências cautelares apresentadas em fevereiro por Rio Pedro Soares, enquanto as jornalistas Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo terão de pagar 5 mil euros cada uma.
O tribunal "mantém a proibição de os jornalistas editarem, em papel ou na internet, ou em qualquer outro meio, conversações ou comunicações telefónicas em que Rui Pedro Soares tenha participado", refere a sentença.
O documento refere também "a condenação dos jornalistas no pagamento duma indemnização pecuniária compulsória por cada violação dessas providências cautelares, no valor de 10 mil euros para José António Saraiva e de 5 mil euros para Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita". " (Diário Digital)

Manuel Alegre - Nãooooooo

Quem vota por devoção, não tem a obrigação de seguir o "fulanismo" ou o "partidarismo".

Manuel Alegre desde há muito está fora das hipóteses de obter o voto de muitos socialistas, da sua maioria.

Submarinos, já nos bastam os que o Zé vai ter que pagar.

Professores

Entra lá, oh preto!!!

Ora toma. Professor condenado por ter chamado preto a um aluno, que por acaso até o era.

Isto é , foi um problema. que se derimiu nos tribunais.
Pergunta-se, onde estiveram os sindicalistas para defender o seu companheiro de profissão? Ao que se sabe, não se manifestaram publicamente.
Será que estão a guardar energias para as  futuras greves?

Tenerife - Playa América

"Por: José Niza

1.Enquanto umas dúzias de deputados – alguns dos quais que nos tempos da Velha Senhora teriam dado competentíssimos inquisidores policiais – se ocupam e preocupam há meses com questões totalmente irrelevantes para o País, como o drama existencial de apurar se em Portugal existe ou não liberdade de informação, ou se o Primeiro Ministro mentiu ao Parlamento ao afirmar não ter tido conhecimento oficial do frustrado negócio PT-TVI, Portugal foi acossado por uma conjuntura financeira internacional que pôs em causa o cimento que cola a União Europeia, que é o euro, e esteve à beira de um colapso de dimensões incalculáveis.
A sanha persecutória contra Sócrates e contra o governo – da qual o actual líder da oposição Pedro Passos Coelho, com inteligência e dignidade sempre se demarcou – poderá satisfazer e alimentar os egos politicamente paranóides de deputados como Pacheco Pereira, Pedro Duarte, João Semedo e outros, mas em nada contribui, nem para a dignificação do Parlamento, nem para resolver os problemas da vida dos portugueses.
Não quero, pretenciosa ou saudosisticamente, invocar a estafada frase de que “no meu tempo é que era bom”. Mas a verdade é que, nos 15 anos em que fui deputado, não ocorreram coisas destas na Assembleia.
Nunca – nem nos momentos mais conturbados do pós-25 de Abril – aconteceram encenações como a do Parlamento funcionar num domingo, não por qualquer urgência de relevante interesse nacional, mas para ouvir o presidente da Comissão Executiva da PT sobre o não-negócio com a TVI.

2.A rápida evolução da recente e actual crise dos mercados financeiros lembra-me a pandemia da gripe A, que começou num país e rapidamente se propagou a outros. Esta “gripe financeira” começou na Grécia, por lá andou uns tempos, mas de um dia para o outro, como o vulcão da Islândia, começou a atacar Portugal sem apelo nem agravo. A seguir seriam a Espanha, a Itália e o próprio Reino Unido. O que é o mesmo que dizer que não seria só Portugal a afundar-se, seria a Europa toda.
“Para grandes males, grandes remédios”. Tocou a rebate e, de imediato, a hora da verdade chegou a Bruxelas. E de lá saíram imposições draconianas, mas necessárias. Mesmo assim, as medidas que em Portugal vão ser postas em prática – se comparadas com as que foram adoptadas pela Grécia, Espanha ou Reino Unido – são muito menos dolorosas.
Mas será uma ilusão pensar que serão suficientes ou transitórias. Não são: isto vai doer e vai durar.

3.Muitos portugueses – e com toda a razão – perguntarão: “Mas como é que isto foi possível” “Como é que deixaram chegar as coisas a este ponto?”
A resposta, para Portugal e para a Europa, é a mesma e espantosamente simples: “Isto aconteceu porque todos gastaram mais do que podiam”!
Mas uma coisa é a gente entender as razões. E outra é saber tirar consequências dos desvarios e dar algum repouso aos cartões de crédito. Isto, claro, para aqueles que os têm. Porque, os outros – e são muitos – terão de ser ajudados na pobreza, no desemprego, na doença. Estes terão de ser a prioridade das preocupações e os destinatários da SOLIDARIEDADE, se é que esta palavra politicamente ainda existe.

4.Como é que se sai disto? Quais os caminhos?
Não sou especialista na matéria. O que até talvez seja bom, porque em situações destas mais vale uma boa dose de bom senso, feito de experiência vivida, do que brilhantes elucubrações de cátedra.

Por exemplo:
Se cada português, ao comprar qualquer coisa – uma laranja, uns sapatos, um electrodoméstico, um vestido, uma T-shirt – optar por um “made in Portugal”, talvez dê trabalho a muita gente.
Se os bancos pagarem o IRC a 25%, como as outras empresas, em vez de apresentarem gananciosos lucros de 5 milhões por dia, talvez isto ande melhor e mais depressa.

Só que há uma pequena diferença:
No caso da T-shirt, quem decide é você.
E no caso dos bancos, é o governo.
E aqui é que “a porca torce o rabo” "

25 maio, 2010

Crise - uma exportação made in Portugal

Quando Portugal tosse o mundo constipa-se

Por estes tempos deve ser pouco recomendável que um português vá de visita a Londres, se lá for o melhor é ir organizado numa claque desportiva devidamente protegida pela polícia pois por lá ainda sabem para que servem as bolas de golfe, ou então visitar Londres como incógnito e quando alguém estranhar a pronúncia tipo portenglish chamar a atenção para a cor da pele e dizer que é marroquino, do tipo berbere, o que até nem deve andar longe da verdade.

Dizer a um dos duzentos e tal mil funcionários ingleses que poderão ir para o desemprego, a uma das inglesas de barriga que deixou de ter direito a cheque-bebé ou a qualquer servo de Sua Majestade que é português equivale nos dias que correm a pôr a vida em risco. Se por acaso virem algum tipo de pouca altura, moreno e com camisa Lacoste comprada na Feira do Relógio a correr por Piccadilly City abaixo podem ter a certeza de que foi um Portugal que cometeu o erro de dizer a um inglês que é português.
Os ingleses não nos vão perdoar as responsabilidades na crise financeira europeia e mundial, de nada nos serve dizer-lhes que não votámos em Sócrates nem usamos sapatos Prada, levamos na mesma por conta das responsabilidades do governo português naquilo que ingleses, italianos, gregos, espanhóis e muitos outros europeus estão a sofrer. Aliás, nestes dias em que a bolsa americana está em queda nem na Wall Street convém andarmos identificados, até os americanos que estavam convencidos de que Portugal era uma pequena ilha das Canárias já nos identificam como os responsáveis da crise mundial.
É isso mesmo, como garantem os nossos ex-ministros das Finanças, líderes partidários, associações das PME, Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva e toda a gente deste país que sabe pensar não há crise no mundo e muito menos na Europa, a crise é portuguesa, o culpado toda a gente o conhece, só há diferenças nas causas, para uns foi a política de direita, para outros a teimosia em construir o TGV.
O que é certo é que desde que Wall Street e a Europa soube do défice português as grandes praças financeiras entraram em sobressalto, as agências de rating corrigiram tudo em baixa, a Grécia ia indo à bancarrota e até Rainha de Inglaterra foi obrigada a poupar nas fraldas descartáveis, agora só as muda uma hora depois de beber o chá.
É isso mesmo não havia qualquer crise na Europa até ao dia em que as empresas de rating avisaram o mundo para o que se estava a passar em Portugal, foi a crise portuguesa que arrastou o mundo para uma das mais graves crises dos últimos cem anos. (In o Jumento)